Imagem criada com IA exemplifica como nova camisa da seleção brasileira na cor vermelha poderá ser.| Foto: Aline Menezes com Chat GPT
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– Tá fazendo o quê? – Nada. Tô de bobeira. – Ótimo. Vamos inventar mais uma falsa polêmica? – Bora. – Daquelas que inflamam a “polarização”. – Já é. – Tem alguma ideia? – A gente podia usar a Lady Gaga pra fustigar aquele videogame de conservadores versus progressistas, etc. – Não, isso já fizeram muito. Vamos ser mais criativos. – Tem razão. Podemos ir mais pra economia. – As tarifas do Trump! – Isso. Vamos provocar os geopolíticos de teclado: protecionista ou estrategista? – Adoro esses debates cheios de rebuscamento intelectual. – São muito úteis. Fazem as pessoas se sentirem inteligentes. – Mas tem um problema. – Qual? – A ideia de que o Trump é um amalucado brincando com os destinos da humanidade não tá mais colando. – Isso é verdade. – Aí os professores doutores filósofos especialistas não ficam tão charmosos na defesa dos valores iluministas contra a sedução ignara. – Vamos mudar de assunto, então. Que tal o legado do Papa Francisco? – É bom, mas acho que as falsas polêmicas aí já estão um pouco gastas também. – Já exploraram muito a questão do “catolicismo progressista” ser ou não ser uma contradição? – Demais. Vi umas dez lives sobre o filme “Dois papas” e uns trinta podcasts sobre a igreja e a crise identitária. – Vamos dar uma recarga então na pantomima PSOL x MBL? Sempre dá uma inflamada na mitologia esquerda x direita… – Será que dá? Acho que mesmo os caçadores de rinha andam meio sem saco pra esse papo furado. – É. Tá ficando difícil criar falsas polêmicas. Será que todas já foram criadas? Me deu uma angústia, agora. – Calma. Vamos manter a serenidade. Há de surgir um novo conflito idiota que a gente ainda não explorou. – Sim, mas qual? – O caso Collor. É a ressurreição da Lava Jato? Poderíamos dar uma turbinada naquela novela bolsonaristas x lavajatistas. – Não quero ser pessimista, mas acho que essa aí já deu, também. – Caramba, como é difícil. – E se a gente tentar alguma coisa na área do esporte? – Você não tá pensando em futebol feminino não, né? Ninguém aguenta mais discutir a comparação entre a Marta e o Pelé. – Não, tava pensando numa coisa mais apelativa. – Apelação é sempre bom. – Pois é. E se a gente mexesse com algum grande símbolo nacional? – Tipo Senna x Piquet? – Não, isso aí tá gasto também. Acho que no futebol a gente tem mais chance. – Bom, o maior símbolo nacional é o verde-amarelo. – Poderíamos espalhar que o lema “ordem e progresso” é progressista. – Não sei. A bandeira já foi usada demais pra debates fúteis. Acho que renderia mais alguma coisa relacionada com a camisa da seleção. – Aí realmente o potencial é bom. O que poderia ser? Propor a substituição das estrelas do pentacampeonato pela frase “o amor voltou”? – Não sei se teria tanto impacto. Acho que a simbologia maior está nas cores mesmo. – Bom, então podemos dar uma sacaneada no verde-amarelo. – Gosto desse caminho. Como poderia ser isso? – Acho que o mais bizarro seria propor que a camisa da seleção fosse vermelha. – Vermelha?! Será? Tenho dúvidas. – Por quê? – Seria uma coisa tão imbecil que talvez não rendesse nem falsa polêmica. – Acho que você está subestimando a imbecilidade. – Tá bom. Vamos tentar isso, então. – Bora. Vai ser legal voltar a ver o pessoal se chamando de “comunista” e “fascista”. – Fechado. Partiu. – Vai fazer o que agora? – Nada. Vou descansar, com a sensação do dever cumprido.