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Lorenzo Carrasco

Lorenzo Carrasco

Financiamento verde

Carlos Nobre e as viúvas do catastrofismo climático

O cientista e meteorologista brasileiro Carlos Nobre acusa Trump de negacionismo e negligência diante do aquecimento global. (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

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O climatologista Carlos Nobre tem todas as credenciais para o título de alarmista-em-chefe das discussões climáticas no Brasil, o desenvolvimento da Amazônia Legal e a assim chamada transição energética.

Presença recorrente na mídia, em entrevistas e uma coluna regular no UOL. Já ocupou e ocupa várias posições de destaque na grande estrutura internacional que promove o catastrofismo ambiental e climático como instrumento de influência política, econômica e financeira, com ênfase nos países em desenvolvimento, como o Brasil.

Aposentado do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), podem-se citar, entre outras: Guardiões Planetários (grupo criado pelo bilionário inglês Richard Branson); Conselho Econômico sobre Saúde Planetária da Fundação Rockefeller; World Resources Institute Brasil; Painel Científico para a Amazônia (SPA); Conselho Científico da Secretaria-Geral das Nações Unidas; Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC); e Royal Society (Reino Unido).

Tais vínculos lhe asseguram na “divisão brasileira” do aparato verde uma relevância igualada apenas pela ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, embora de caráter diferente – ele, operativo, ela, política.

O seu currículo de alarmista-mor é bastante alentado, pelo que limitar-me-ei a citar apenas parte dele.

Possivelmente, o item mais conhecido dele é o chamado “ponto de inflexão” para uma suposta deterioração do bioma Amazônia, tese elaborada com o falecido biólogo estadunidense Thomas Lovejoy. Segundo essa tese, se o desmatamento do bioma atingir 20% (atualmente, encontra-se em 16%, índice acumulado desde a chegada dos europeus ao Brasil, no século XVI), a deterioração da floresta para formações de savanas se tornaria irreversível.

Ocorre que, assim como os supostos efeitos do dióxido de carbono (CO2) no clima global, o fenômeno existe apenas em modelos matemáticos altamente especulativos, jamais tendo sido observado em nenhum dos outros biomas brasileiros. Por exemplo, se fosse real, a Mata Atlântica, que perdeu mais de 90% da sua cobertura original desde o século XVI, já teria experimentado uma deterioração análoga há tempos.

Em uma entrevista ao Valor Econômico de 15 de maio de 2024, afirmou que a deterioração do clima global já estaria a exigir medidas radicais: “Não se podem abrir novas minas de carvão, poços de petróleo e gás natural e não podemos usar o que já está aberto. Tem que reduzir o uso do que já está aberto... Também comer menos carne e voar menos, até os aviões todos terem combustível renovável ou elétricos.”

Sugestão que, se seguida, equivaleria a um virtual congelamento do desenvolvimento mundial.

Meses depois, disse à Agência Brasil (23/09/2024) que “a doença do planeta Terra somos nós, inclusive com toda a nossa ciência moderna, nós não temos percebido que estamos contaminando demais o planeta”.

Porém, afirmou que ele e seus correligionários dos Guardiões Planetários estavam “combatendo o crime, combatendo o risco de nós gerarmos o ecocídio, um suicídio planetário”.

Ufa! Podemos respirar aliviados...

Em sua coluna de 4 de março no UOL (“Negacionismo ou estratégia? O verdadeiro jogo climático de Trump”), Nobre investe ferozmente contra o presidente estadunidense Donald Trump, acusando-o de provocar deliberadamente o aquecimento global:

“Podemos concluir que o presidente sabe o que está acontecendo, sabe que o aquecimento global está causando os atuais eventos extremos - ondas de calor, secas extremas e, principalmente, o derretimento do gelo.

“O desejo de Trump inclui o desaparecimento do gelo no Ártico, a redução significativa das geleiras no Canadá e o derretimento de parte dos mantos de gelo da Groenlândia para facilitar a exploração de petróleo e minérios. Essa deve ser a razão por trás de sua defesa para acelerar a exploração de combustíveis fósseis lançando uma grande quantidade de GEE [gases de efeito estufa] na atmosfera. (...)”

E conclui, ensandecido: “O planeta está à beira de inúmeros pontos de não retorno, os chamados ‘tipping points’. Agora, o presidente dos EUA quer criar o primeiro ponto de não retorno sociopolítico, o ‘Trumping point’.”

Na verdade, sua fúria se deve ao fato de estar golpeando os pilares de sustentação da agenda da “descarbonização” da economia, literalmente, secando importantes fontes de recursos financeiros para o aparato verde global

Apenas o fim da contribuição para o financiamento da Convenção-Quadro das Nações Unidas para as Mudanças Climáticas (UNFCCC), organizadora das COPs, já representou um baque superior a US$ 4 bilhões. E, mesmo que o bilionário Michael Bloomberg tenha se comprometido a cobrir o buraco, a saída dos EUA dificultará sobremaneira a sustentação da estrutura da agenda climática global.

Outra é o congelamento e revisão de todos os dispêndios referentes à Lei de Redução de Inflação referentes a subsídios para fontes de energia eólicas e solares, oficialmente consideradas desconfiáveis para a segurança das redes elétricas.

Igualmente, revogou todas as restrições à exploração de hidrocarbonetos em terras públicas e no mar, inclusive no Alasca (estado que os ambientalistas locais tratam com uma histeria semelhante à de suas contrapartes brasileiras em relação ao Amapá).

O mesmo foi feito em relação às restrições à mineração de carvão.

Em paralelo, todas as agências federais envolvidas nas questões ambientais, de energia e infraestrutura, como a Agência de Proteção Ambiental (EPA), os departamentos do Interior e de Energia, Comissão Federal Reguladora de Energia (FERC) e outras, foram ocupadas por homens de confiança do presidente e receberam instruções para agilizarem os processos de licenciamento.

"Fundo secreto"

No momento, o FBI investiga um suspeito “fundo secreto” de US$ 20 bilhões controlado pela EPA, já devidamente congelado, que destinou doações a oito ONGs vinculadas a altos próceres do Partido Democrata, após as eleições de novembro em que Trump saiu vitorioso. Recursos que, aparentemente, destinavam-se a alimentar o aparato de influência ambientalista, mesmo no esperado ambiente hostil do novo governo.

Tudo isso está criando uma legião de “viúvas” dos financiamentos destinados ao aparato verde internacional, como as que dependiam da extinta Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID), entre elas várias ONGs brasileiras.

E é a isso que o “Doutor Apocalipse” está reagindo, pois não será nada fácil substituir a vaca leiteira estadunidense.

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Conteúdo editado por: Aline Menezes

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