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J.R. Guzzo

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Vexame no Congresso

Lula pediu para ser atropelado no caso do IOF

Lula Haddad IOF
Fernando Haddad, ministro da Fazenda, e o presidente Lula. (Foto: Ricardo Stuckert/Presidência da República)

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Colocar a deputada Gleisi Hoffmann como a grande estrategista política do governo no Poder Legislativo, com a missão de dar algum tipo de solução à miserável sequência de fracassos na área, não foi apenas uma ideia muito ruim. Foi, sobretudo, o gesto de uma pretensão sem limites – e mais um sinal de que os circuitos mentais do Palácio do Planalto estão em pane. Como alguém, com um mínimo de traquejo político, poderia supor que a deputada, uma das contraltos mais ruidosas do “discurso do ódio” no PT, iria dar conta de um trabalho como o que recebeu? É muita soberba. Deu, é óbvio, a única coisa que poderia dar: um desastre histórico na votação do aumento do IOF que Lula tanto queria socar em cima da população.

Foi uma derrota, na Câmara de Deputados, por 383 a 98 – um placar tão monstruoso contra o governo que o Senado nem precisou votar o projeto, confirmando a decisão dos deputados por votação simbólica. E agora: vão reclamar com Gleisi? A reclamação tem de ser entregue a quem a colocou no lugar em que está. A deputada é ruim, sem dúvida, mas achar que a culpa por essa humilhação é dela é confundir as obras de arte do mestre Picasso com a trena de aço do mestre de obras. Não tem nada a ver com ela. Tem tudo a ver com Lula.

Lula não entende que quem criou esse problema foi exatamente ele: falta dinheiro porque o governo gasta como um débil mental

A derrota do IOF, a pior de todas as que a situação teve na sua atual sucessão de desastres em votações no Congresso Nacional, é mais uma prova de que o governo Lula está senil. Não consegue, a essa altura, ter ideias coerentes para lidar com os problemas práticos que precisa resolver. O problema mais intratável do momento é a falência do Tesouro Nacional – e toda a reação de Lula, diante disso, é um imenso tilt. Não entende, em primeiro lugar, que quem criou esse problema foi exatamente ele, Lula: falta dinheiro porque o governo gasta como um débil mental. Em segundo lugar, fica enfurecido diante da única solução racional para isso – o corte do gasto público. Não admite. Exige, então, mais imposto para cobrir o rombo e continuar gastando.

É demente – mas é assim. Tente pensar em alguma decisão, ou proposta, ou ideia de política econômica que tenha sido apresentada pelo governo nos últimos dois anos e meio. É pura perda de tempo. Desde o dia 1.º de janeiro de 2023 não houve nenhuma ação do governo Lula, mas nenhuma mesmo, no sentido de gerir alguma coisa, qualquer coisa, na economia do Brasil. A única coisa que conseguiram fazer foi aumentar imposto. Começaram antes mesmo de assumir o governo, já arrancando do Congresso um cheque de R$ 200 bilhões que não existiam, para gastar “por conta”. Dali para diante não pararam mais. Tem sido um aumento de imposto a cada 40 dias, culminando agora com o fiasco do IOF.

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É óbvio, num regime que deixa as suas casas do parlamento abertas e em funcionamento, que uma hora, mais cedo que mais tarde, deputados e senadores vão dizer “chega! Vocês acham que alguém aqui é louco?” Não existe povo que queira pagar mais imposto, sobretudo para um governo absolutamente nulo como o governo de Lula – e o povo brasileiro, hoje, já percebe com clareza cada vez maior quando o Fisco está metendo a mão no seu bolso. A “narrativa” de Lula e de Haddad de que o IOF iria atingir só os ricos (quem vive “nas coberturas”, disseram eles) não apenas é sem escrúpulos. É também inútil, porque cada vez mais gente sabe que imposto “de rico” não existe. O que existe é imposto transferido para todos.

A reação rancorosa do governo, com impropérios a quem votou contra seus desejos e ameaças de melar a votação no STF, mostra bem a treva em que Lula está navegando. Não é possível provar com mais clareza a vontade do povo do que uma votação de 383 a 98 – se isso não é a chamada maioria esmagadora, o que seria, então? Mas o governo acha que a derrota do IOF foi obra de um grupinho da elite milionária que não quer pagar imposto. Não lhe passa pela cabeça, nem a pau, que quem não está mais querendo pagar imposto para sustentar as viagens milionárias de Janja é o povo brasileiro. Caiu o sistema. Mas eles não percebem.

Conteúdo editado por: Marcio Antonio Campos

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