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São Paulo

Nunes quer Guarda Civil com “padrão linha dura” da polícia de Tarcísio

Prefeito Ricardo Nunes (MDB) quer Guarda Civil Metropolitana "linha dura" em sua segunda gestão.
Ricardo Nunes foi o primeiro prefeito de São Paulo a autorizar a aquisição de carabinas 9 mm e fuzis, em 2021, equipamentos até então proibidos para a Guarda Civil Metropolitana. (Foto: Divulgação/Prefeitura de São Paulo)

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O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), tem defendido internamente uma abordagem mais rígida para a Guarda Civil Metropolitana (GCM), semelhante à política adotada pela Polícia Militar no estado nesta gestão de Guilherme Derrite à frente da pasta da Segurança Pública e de Tarcísio de Freitas (Republicanos) no Executivo.

Para comandar a Segurança Urbana neste segundo mandato municipal, Nunes escolheu Orlando Morando, ex-prefeito de São Bernardo do Campo (SP). Logo no primeiro evento à frente da pasta, Morando adotou um tom duro, declarando que “se for para chorar, que chore a mãe do bandido”. A fala, durante uma formatura da Guarda Civil na capital, foi aplaudida pelos agentes presentes.

“Se houver confronto com um criminoso, que chore a mãe dele, não os parentes de vocês. Não fiquem acima da lei, mas também não se sintam intimidados por ela”, disse Morando no evento de formatura de 500 novos profissionais, no último dia 21.

Na mesma cerimônia, Nunes foi criticado por entoar um grito de guerra da corporação que menciona o uso de gás de pimenta contra suspeitos. Questionado sobre o episódio, o prefeito paulistano criticou a abordagem do tema por parte da grande imprensa. “Poderiam destacar minha fala sobre o [programa] Smart Sampa, que ajudou a GCM a prender 500 foragidos da Justiça sem disparar um único tiro”, rebateu.

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Nunes autorizou a compra de fuzis para a Guarda Civil de São Paulo

Ricardo Nunes foi o primeiro prefeito de São Paulo a autorizar a aquisição de carabinas 9 mm e fuzis, em 2021, equipamentos até então proibidos para a Guarda Civil Metropolitana. Em três anos, foram investidos cerca de R$ 2,5 milhões na compra de 83 fuzis, segundo o Portal da Transparência do município.

No mesmo período, a prefeitura adquiriu 110 espingardas calibre 12 e 151 carabinas 9 mm. Antes dessas compras, o último investimento em armamento para a Guarda Civil de São Paulo havia ocorrido em 2017, na gestão de João Doria, com a aquisição de duas espingardas calibre 12.

A Guarda Civil da cidade de São Paulo possui um efetivo de 7,5 mil agentes, e quase todo o armamento é destinado às Rondas Ostensivas Municipais (Romu). Segundo apuração da Gazeta do Povo, Nunes planeja adquirir mais 50 fuzis, em uma estratégia alinhada à guinada à direita que busca consolidar.

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Mello Araújo exerce influência na Guarda de São Paulo

Vereadores da base aliada de Nunes afirmam que o vice-prefeito Ricardo de Mello Araújo (PL) exerce influência naas ações desencadeadas pela pasta da Segurança Urbana. Coronel da reserva e ex-comandante das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota), grupo da Polícia Militar de São Paulo, Mello Araújo tem monitorado a cracolândia, no centro da capital. O tema é uma das principais cobranças sociais para este segundo mandato da gesdtão Nunes.

“Estou vendo os gargalos, entendendo o que não funciona e melhorando”, escreveu o vice-prefeito em 13 de janeiro, no Instagram. Em um evento no último dia 20, Nunes destacou o papel do vice-prefeito nas ações planejadas para a área da segurança.

“Ele tem relatado a experiência das visitas diárias às cenas abertas de uso e aos equipamentos que recebem essas pessoas em tratamento”, disse. A gestão municipal evita o termo “cracolândia” e se refere aos usuários de drogas como “cenas abertas de uso”. Mello Araújo chegou a ser indicado para comandar a Secretaria de Assuntos Estratégicos, que teria entre as atribuições a gestão da cracolândia, mas recusou o cargo.

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“Traficante que enfrentar a GCM vai tomar na testa”, disse Nunes

Durante a pré-campanha eleitoral de 2024, Nunes declarou que “traficante que enfrentasse a Guarda Civil Metropolitana na cracolândia tomaria [tiro] na testa”. Acrescentou que não se pode esperar que os guardas “distribuam rosas” diante dos usuários de drogas na região.

A fala ocorreu após uma decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) que proibia a Guarda Civil Metropolitana de dispersar aglomerações de usuários sem justificativa. Nunes criticou a medida, argumentando que a corporação é a principal responsável por encaminhar dependentes para tratamento nas clínicas da própria prefeitura.

A capital paulista registrou, em 2024, o menor número de vítimas de homicídio doloso desde o início da série histórica da Secretaria da Segurança Pública do estado, em 2001. Foram 498 mortes, 18 a menos que em 2023, uma queda de 3,5%.

Parceiro da gestão Nunes, o governo estadual celebrou a redução no índice criminal, destacando que, no ano de 2001, a cidade registrava 5.463 homicídios, quase 11 vezes mais que o total mais recente. Para a Secretaria da Segurança Pública do estado, o resultado se deve ao reforço da Polícia Militar, sem menção ao trabalho da Guarda Civil Metropolitana.

“O reforço no policiamento e os avanços tecnológicos contribuíram para esse marco histórico, colocando São Paulo entre as capitais com menor taxa de homicídios do país, abaixo de cidades norte-americanas”, afirmou o órgão.

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