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A rejeição ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disparou entre os deputados federais em apenas dois anos deste terceiro mandato, de acordo com uma nova rodada da pesquisa Quaest divulgada nesta quarta (2). O levantamento aponta uma avaliação negativa de 46% entre os parlamentares ouvidos, o pior índice desde agosto de 2023.
Já a desaprovação supera em 13 pontos à registrada naquele ano, quando 33% dos deputados consideravam o governo ruim ou péssimo. Em contrapartida, apenas 27% o avaliam de forma positiva, uma queda de 8 pontos percentuais em relação aos 35% obtidos no primeiro ano de mandato.
A avaliação negativa de Lula entre os deputados vem crescendo desde então e se agravou na pesquisa realizada no ano passado:
- Negativo: 46%, ante 42% em maio/24 e 33% em agosto/23;
- Positivo: 27%, ante 32% e 35%;
- Regular: 24%, ante 26% e 30%;
- Não sabem/não responderam: 3%, ante 1% e 2%.
Independentes lideram rejeição
O crescimento da desaprovação a Lula é puxado principalmente pelos deputados que se declaram independentes, com um salto de 20% em 2023 para 44% neste ano. Já a avaliação positiva desabou, caindo de 18% para apenas 8%. A percepção de que o governo é regular também perdeu força entre os independentes, caindo de 59% para 44%.
Entre os deputados alinhados à base governista, a avaliação positiva continua majoritária, com 71% de aprovação, apesar de ligeira queda em relação aos 74% registrados em 2023. Apenas 2% dessa base avaliam negativamente o governo.
Já entre os parlamentares da oposição, a rejeição é praticamente unânime: 96% consideram a terceira gestão Lula negativamente, mantendo o mesmo patamar do ano anterior. Nenhum opositor classifica o governo positivamente.
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Relação estremecida
A relação do Planalto com o Congresso também é vista de forma crítica pela maioria dos deputados. Para 51%, o relacionamento entre Executivo e Legislativo é negativo — aumento de 10 pontos percentuais em relação a 2023. Apenas 18% veem de forma positiva, enquanto 30% consideram a relação regular.
A articulação entre o Executivo e o Legislativo tem sido uma das maiores dificuldades deste terceiro governo Lula desde o início do mandato. Nos dois primeiros anos, o comando da Secretaria de Relações Institucionais estava a cargo de Alexandre Padilha, que chegou a ser criticado publicamente pelo então presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL).
Já no começo deste ano, o cargo passou para Gleisi Hoffmann (PT-PR), antiga aliada de Lula que, mais recentemente, viu o governo ser derrotado na Câmara após o presidente da casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), mudar de tom e atender a oposição ao pautar a urgência e a votação de um Projeto de Decreto Legislativo (PDL) que derrubou o decreto de aumento do IOF – o governo contava com os recursos para fechar as contas do ano.
Avaliação conforme a visão política
A pesquisa da Quaest apontou que percepção da relação com o governo varia conforme a ideologia dos parlamentares. Entre os deputados de esquerda, 84% aprovam a gestão e os 16% restantes a classificam como regular, sem registros de avaliação negativa.
Já entre os de direita, a reprovação é dominante: 86% consideram negativamente, 10% veem como regular e apenas 2% aprovam. No centro, 53% avaliam o governo como regular, 24% negativamente e 23% positivamente.
A análise regional da pesquisa também aponta um cenário bem dividido, em que apenas os parlamentares do Nordeste tem uma percepção mais positiva (37%) do que negativa (33%) e regular (30%) – porém, dentro da margem de erro.
No Sudeste, a reprovação é de 51%, com 24% de aprovação. No Sul, 57% reprovam o governo e 21% aprovam. Já nas regiões Centro-Oeste e Norte, que foram agrupadas no levantamento, a desaprovação atinge 47%, com aprovação de apenas 20%.
A Quaest ouviu 203 deputados (de 513 que compõem a Câmara) entre os dias 7 de maio e 30 de junho de 2025. A margem de erro é de 4,5 pontos percentuais para mais ou para menos.