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Parlamentares da oposição criticaram a Procuradoria-Geral da República (PGR) por conta do pedido de investigação contra o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF).
A PGR pede investigação sobre a articulação de Eduardo junto ao governo dos Estados Unidos contra o ministro do Supremo, Alexandre de Moraes. Segundo a Procuradoria, as ações de Eduardo vêm se intensificando à medida em que se desenrola o processo em que seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), é acusado de suposta “tentativa de golpe”.
O pedido de abertura de inquérito foi motivado por uma representação feita pelo deputado Lindbergh Farias (PT-RJ), na semana passada.
"Imagina o que passa na cabeça de Trump ao tomar ciência de que Eduardo Bolsonaro está sendo investigado por tentar “induzir o governo americano”! Quer dizer que todo o aparato americano de inteligência, informações e estratégia global pode ser manipulado por Eduardo? Gonet, você não entende que isso é uma prova de perseguição política e ausência de democracia em qualquer país sério do mundo?", declarou um dos irmãos de Eduardo, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ).
Ao comentar sobre o pedido da PGR, o líder do PL na Câmara, deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), prestou solidariedade a Eduardo e disse que o colega de partido é vítima de perseguição.
“O que está acontecendo é mais um capítulo da perseguição institucional contra parlamentares que ousam enfrentar o sistema. Agora, querem abrir inquérito porque ele falou nos EUA o que milhões de brasileiros dizem todos os dias: Não aceitamos uma democracia comandada por ministros intocáveis”, escreveu Sóstenes em uma publicação no X.
“Eduardo Bolsonaro não cometeu crime. Exerceu sua liberdade de expressão e seu direito de denunciar abusos. Perseguir um deputado por palavras é rasgar o art. 53 da Constituição. É censura disfarçada. É medo de quem perdeu o controle da narrativa. Hoje é com ele. Amanhã será com todos que não se ajoelham”, completou.
“A tirania nunca começa com tanques"
O deputado Gustavo Gayer (PL-GO) disse que Eduardo virou alvo de inquérito por denunciar abusos do STF.
“A tirania nunca começa com tanques. Começa com órgãos do Estado abrindo um inquérito contra um parlamentar licenciado, em outro país, por suposições infundadas. Que crime Eduardo Bolsonaro cometeu? Roubou idosos através de fraude bilionária no INSS? Não. É acusado de articular, de falar o que pensa. É mais um capítulo da perseguição a um deputado eleito, por suas opiniões e, dessa vez, no exterior”, disse Gayer pelas redes sociais.
“A PGR quer investigar Eduardo Bolsonaro por denunciar os abusos dos quais brasileiros têm sido vítimas. Não é justiça — é revanche política. O autoritarismo começa no desprezo pelas normas e na arrogância dos poderosos”, continuou o deputado.
Já o senador Eduardo Portinho (PL-RJ) afirmou que a abertura do inquérito contra Eduardo Bolsonaro agrava ainda mais a "perseguição aos opositores". "Estamos a um passo da instalação da censura de fato e reconhecida no Brasil (AGU, Lula e STF trabalham nisso) e a perseguição aos opositores do Regime se agrava com a abertura de inquérito contra o Deputado @BolsonaroSP. Já nem mais escondem os seus propósitos! Democracia aqui não é!", escreveu na rede X.
O senador Magno Malta (PL-ES) classificou o caso como uma "caça às bruxas", porque, segundo ele, a PGR permanece em "silêncio absoluto" sobre o golpe contra aposentados do INSS até mesmo diante da "manipulação de gravações de voz para autorizar descontos indevidos".
"Basta alguém mencionar "Bolsonaro" que tudo muda: pedem inquérito na hora, entram em modo caça às bruxas. Aliás, Eduardo Bolsonaro apenas disse o óbvio: há ativismo judicial descarado e conflitos de interesse nos escritórios de familiares de ministros do STF. O incômodo não é com a denúncia. É com o mensageiro", disse o parlamentar.
Deputada associou medida à tentativa de minar a direita para eleições do próximo ano
A deputada Carla Zambelli (PL-SP) disse não ter se surpreendido com o pedido da PGR.
“A perseguição ao deputado e amigo, Eduardo Bolsonaro, não me espanta em absoluto. Já era um movimento esperado em tempos de anormalidade democrática. O sistema está mirando todos os potenciais candidatos ao Senado em 2026. Vieram atrás de mim, estão desesperados para atingir o Gustavo Gayer. Estamos acompanhando o que fazem com nosso amigo, Cabo Gilberto, e só não avançam de forma ainda mais violenta sobre o Nikolas Ferreira porque ele, por enquanto, não tem idade para o cargo. É simplesmente descarado”, disse a deputada.
A deputada Júlia Zanatta (PL-SC) disse que “o crime de abolição do estado democrático de direito’ virou uma maneira de perseguir todos que ameaçarem o status quo de quem está mandando no Brasil sem respeitar a Constituição Federal”.
“Era visto que ia se transformar nisso quando foi aprovado pelo Congresso Nacional. Fica a lição”, completou.
Escalada autoritária e ataque à liberdade de expressão
Em nota, a bancada do PL na Câmara manifestou indignação com a abertura de inquérito contra Eduardo Bolsonaro, afirmando que se trata de uma tentativa inaceitável de perseguição institucional. Segundo a nota, o deputado federal está sendo alvo de investigação por simplesmente exercer seu direito constitucional de se posicionar publicamente, inclusive fora do país.
O PL afirma que a criminalização de declarações políticas de um parlamentar, mesmo licenciado, é uma ameaça direta à liberdade de expressão e à inviolabilidade do mandato, princípios consagrados no artigo 53 da Constituição Federal.
A bancada sustenta que a imunidade parlamentar é um pilar da democracia, protegendo não só os parlamentares, mas também a vontade popular expressa pelo voto.
"A bancada do PL não aceitará que a imunidade parlamentar vire letra morta. Hoje tentam calar Eduardo Bolsonaro. Amanhã será qualquer voz que ouse discordar", alerta o partido.
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