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Sistema eleitoral

Moraes diz que EUA elogiam lisura das eleições no Brasil, mas Trump segue defendendo voto impresso

Moraes diz que EUA elogiam lisura das eleições no Brasil, mas Trump segue defendendo voto impresso
Moraes citou ordem executiva de Trump que cita Brasil como bom exemplo pelo uso da biometria para identificação de eleitores. (Foto: Fellipe Sampaio/SCO/STF)

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O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes afirmou nesta quarta-feira (26) que “até” o governo de Donald Trump defende a lisura do sistema eleitoral brasileiro, enquanto os denunciados pela suposta tentativa de golpe de Estado questionavam a segurança das urnas.

A declaração ocorreu durante o julgamento que tornou réus o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outros 7 denunciados na Primeira Turma. Moraes citou críticas feitas por Bolsonaro ao então presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso, em 3 de agosto de 2021. Na ocasião, o ex-presidente disse que Barroso estava sendo “insensível” ao defender a investigação contra ele por questionamentos às urnas.

“A ‘insensibilidade’ atacada em relação ao ministro Barroso era a defesa da lisura das eleições, a defesa da lisura das urnas eletrônicas, hoje defendida até pelo governo norte-americano do presidente Donald Trump, e a defesa da Justiça Eleitoral”, apontou Moraes.

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Nesta terça-feira (25), Trump assinou uma ordem executiva para promover mudanças no processo eleitoral no país. Entre as regras, a medida exige que eleitores devem apresentar uma prova documental de cidadania americana para se registrar e conseguir votar em eleições federais.

O documento cita como bons exemplos o Brasil e a Índia por utilizarem regras mais rígidas de identificação de eleitores do que os EUA, com a implementação da biometria.

“O Brasil e a Índia vinculam a identificação do eleitor a um banco de dados biométrico, enquanto os Estados Unidos dependem amplamente da autodeclaração de cidadania”, diz um trecho do relatório do governo americano.

A ministra Cármen Lúcia também comentou sobre a ordem executiva assinada por Trump durante o voto de Moraes sobre as acusações contra Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Ramagem teria criado um grupo para questionar a segurança das urnas enquanto comandava o órgão, segundo a investigação.

“Aliás ministro [Alexandre], ontem foi reconhecido nos Estados Unidos o mérito do sistema [eleitoral] brasileiro, segundo o noticiário”, disse a magistrada.

Moraes respondeu: “Exatamente, ministra Cármen. Vossa Excelência se refere bem. O presidente norte-americano Donald Trump alterou a legislação por ato executivo – equivalente ao nosso decreto autônomo – para melhorar as eleições”.

“O Brasil é citado expressamente como modelo de sucesso pelo presidente norte-americano Donald Trump. Enquanto aqui no Brasil, houve toda essa preparação para colocar em dúvida as urnas eletrônicas. E a Abin, sob a gestão de seu então diretor-geral [Alexandre Ramagem], participou nisso”, acrescentou o ministro.

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O reconhecimento do governo americano sobre a utilização da biometria pelo Brasil não significa que os Estados Unidos adotaram as urnas eletrônicas. Em fevereiro deste ano, Trump defendeu o uso de cédulas de papel nas eleições durante um evento com governadores.

“[As cédulas de papel] custam exatamente 8% do que as máquinas [de votação eletrônica] custam. E as cédulas de papel estão muito sofisticadas hoje em dia, tem a chamada marca d’água, que é impossível de copiar e impossível de fraudar. É difícil de acreditar que existem pedaços de papel tão sofisticados”, afirmou.

“Eu perguntei ao Elon [Musk], porque ele sabe mais sobre computadores do que qualquer um que eu conheço. Eu disse: ‘o que você acha do sistema de votação?’ Ele disse que os computadores não são feitos para votação, são muitas transações acontecendo muito rápido”, acrescentou.

A nova regra assinada por Trump também prevê que todas as cédulas de votação sejam recebidas até o dia da eleição. Nos Estados Unidos, a votação antecipada e por correio começa semanas antes da data da eleição em vários estados.

“Fraude eleitoral: você já ouviu esse termo”, disse Trump, ao assinar a ordem. “Vamos acabar com ela, espero. Isso [ordem executiva] ajudará muito a acabar com ela”, disse o republicano ao assinar o documento nesta terça (25).

A plataforma de vídeos Rumble e a Trump Media & Technology Group Corp., ligada a Trump, movem dois processos contra Moraes na Justiça americana. Em fevereiro, o Comitê Judiciário da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos aprovou um projeto de lei para impedir a entrada de Moraes no país.

O Rumble está bloqueado no Brasil desde 21 de fevereiro por ordem de Moraes após descumprir determinações judiciais. O caso é semelhante ao da derrubada do X, de Elon Musk, em agosto de 2024. As plataformas classificam as decisões do ministro como censura e limitação da liberdade de expressão.

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