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Após ter sido demitida nesta segunda-feira (5) pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a ex-ministra Cida Gonçalves, do Ministério das Mulheres, negou que tenha sido mandada embora por conta das acusações de assédio ou por falta de incompetência.
Em entrevista aos jornalistas, Cida afirmou ter deixado o cargo “tranquila” e minimizou o peso das avaliações de baixa produtividade. “Estou tranquila, leve, feliz. Acho que não é uma troca por incompetência, por assédio, por rixa. Não é isso. É uma troca de rumo, de momentos. Tem hora que está no limite do esgotamento, daquilo que pode avançar, ampliar. E gente nova chega com um novo olhar”, declarou a jornalistas em Brasília.
Cida Gonçalves foi denunciada por assédio moral. Pelo menos cinco denúncias teriam sido feitas por ex-funcionárias do ministério das Mulheres e entregues à Controladoria-Geral da União (CGU) no final do ano passado. De acordo com o Estadão, que teve acesso a essas denúncias, ameaças de demissão a servidores, cobrança de trabalho em prazo exíguo, tratamento hostil, manifestações de preconceito e gritos teriam ocorrido no ambiente de trabalho.
Na época, o Ministério das Mulheres informou ser contra todo tipo de discriminação e ressaltou que daria andamento e prestaria apoio à investigação de qualquer denúncia feita formalmente. O caso chegou a ser investigado pelo Comitê de Ética da presidência, mas foi arquivado em fevereiro.
“Gostaria de dizer aqui que foi arquivado o processo na comissão de ética […] Não existe. Não temos denúncia no Ministério das Mulheres. Portanto, isso é tranquilo. Tanto para mim, quanto para o presidente”, completou.
Cida reforçou que o presidente Lula não citou nada sobre a “falta de produtividade ou outras questões que são ditas por aí”. “O que fizemos foi uma troca em que precisamos de energia nova, de espaços novos”, destacou.
Sobre a possibilidade de assumir outro cargo no governo federal, a ministra disse que pretende “voltar para o lugar que vim, o movimento das Mulheres”. Cida é amiga pessoal da primeira-dama, Janja da Silva.
Nova ministra
Para substituir a ex-ministra Cida, o governo indicou Márcia Lopes, ex-ministra do Desenvolvimento Social (2010-2011). Assistente social e professora, Márcia participou da coordenação do grupo de assistência social na transição de governo. Ela é irmã de Gilberto Carvalho, secretário do Ministério do Trabalho e ex-chefe de gabinete de Lula.
Pelas redes sociais, a nova ministra agradeceu Lula e disse que assume a “missão com humildade, coragem e o compromisso de toda uma trajetória dedicada à justiça social, à defesa dos direitos humanos e à construção de políticas públicas que transformam vidas, especialmente a vida das mulheres neste país”.
A troca de comando no Ministério das Mulheres já é a quinta mudança na Esplanada dos Ministérios só este ano e a décima terceira desde o início do governo Lula. A troca faz parte da "reforma ministerial" executada pelo presidente em meio à queda de popularidade e escândalos envolvendo ministros.
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