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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) confirmou nesta quinta (24) a escolha do presidente da Telebras, Frederico de Siqueira Filho, como novo ministro das Comunicações após o deputado Pedro Lucas Fernandes (União-MA) recusar o convite.
Siqueira Filho foi indicado ao cargo a Lula pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), que havia costurado a ida de Fernandes para a pasta anteriormente comandada pelo deputado Juscelino Filho (União-MA), demitido após ser denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por suposta corrupção na destinação de emendas parlamentares.
"Sua indicação pelo União Brasil foi apresentada ao presidente Lula pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre, o ex-ministro Juscelino Filho e o líder do União Brasil na Câmara, Pedro Lucas Fernandes, em reunião realizada na tarde da quarta-feira (23) no Palácio do Planalto. O encontro de ontem [quarta, 23] também contou com a presença da ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann", disse a nota oficial do governo em um incomum detalhamento de como foi a escolha do novo ministro.
Alcolumbre se reuniu com Lula para minimizar o embaraço causado por Fernandes e para reafirmar o apoio de uma ala do União Brasil ao governo. O MCom corria o risco de ser cedido ao PSD, que está de olho em mais espaço na Esplanada dos Ministérios para garantir a permanência na base para as eleições de 2026.
Engenheiro civil formado pela Universidade de Pernambuco, Siqueira Filho acumula mais de 25 anos de experiência no setor de telecomunicações, com atuação predominante na iniciativa privada. Durante uma década, foi diretor de Relações Institucionais da operadora Oi e, antes de assumir a presidência da Telebras, atuava como diretor de Vendas Corporativas Governo, liderando estratégias comerciais nas regiões Norte e Nordeste.
A recusa de Fernandes para o cargo gerou constrangimento no governo principalmente por conta da ministra Gleisi Hoffmann (PT-PR), das Relações Institucionais, ter anunciado a confirmação dele para o cargo antes da Páscoa.
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O deputado, no entanto, minimizou esse embaraço e afirmou que Lula teria entendido a recusa por conta da dificuldade de se construir uma nova liderança para a bancada do União Brasil na Câmara dos Deputados que dificultaria a relação com o governo.
“Não existe nenhum tipo de ruído. O presidente Lula é muito maduro [politicamente]. O vice-presidente [Geraldo] Alckmin também. Tanto é que já declarou que entendeu a nossa posição diante da bancada. O União Brasil tem uma bancada importante e plural, então a construção em torno de pautas convergentes é o mais importante para o governo”, afirmou em entrevista à Folha de S.Paulo na quarta (23).
De acordo com o deputado, Gleisi pode ter se apressado em anunciá-lo como novo ministro sem uma confirmação efetiva, mas negou que isso signifique um enfraquecimento do governo frente ao Congresso.
“Não vejo como erro, não. Mas talvez a gente devesse ter feito o exercício anterior: primeiro eu construir o nome do Juscelino na bancada e depois anunciar. Tentei até o último momento, mas houve disputa muito grande”, pontuou ressaltando que não poderia deixar a bancada “em guerra”.
O antecessor no MCom, Juscelino Filho, foi denunciado pela PGR no começo do mês suspeito de desviar recursos de emendas parlamentares para obras em seu reduto eleitoral, no estado do Maranhão. Investigações apontam que ele teria indicado verbas para a pavimentação de vias que levam a propriedades da família entre os projetos realizados na cidade de Vitorino Freire, na época comandada pela irmã dele, Luanna Rezende.