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Os presidentes do Brasil, da África do Sul e da Espanha - Lula, Cyril Ramaphosa e Pedro Sánchez - publicaram um artigo de opinião em que defendem a “taxação da riqueza global”. De acordo com os três presidentes, o ano de 2025 “será decisivo” para enfrentar questões ligadas ao multilateralismo e o protagonismo do Sul Global.
Intitulado, “Unindo forças para superar desafios globais”, o artigo foi publicado no jornal brasileiro O Globo e no francês Le Grand Continent, nesta quinta-feira (6).
No texto, os presidentes defendem que a abordagem sobre o combate à desigualdade seja feita “por meio de uma arquitetura financeira renovada”, de modo que se dê mais “visibilidade” aos países do Sul Global.
“É preciso avançar nas iniciativas de alívio da dívida, promover mecanismos de financiamento inovadores e identificar e abordar as causas do alto custo do capital para a maioria dos países em desenvolvimento. O G20, sob a presidência da África do Sul, prioriza essas três áreas. Ao mesmo tempo, a reunião do FfD4, em Sevilha, será um momento decisivo para assegurar compromissos em direção a uma cooperação financeira internacional mais robusta para o desenvolvimento sustentável, incluindo o aprimoramento da taxação da riqueza global e externalidades negativas, a melhoria das estratégias de mobilização de recursos domésticos e a canalização mais impactante e efetiva dos Direitos Especiais de Saque”, dizem os presidentes em um trecho do artigo.
Agenda comum
Os três líderes apostam nos encontros na 4ª Conferência Internacional sobre Financiamento para o Desenvolvimento (FfD4), em Sevilha (Espanha); na 30ª Conferência das Partes (COP30) da Convenção das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), em Belém (Brasil); e na Cúpula do G20, em Joanesburgo (África do Sul), para avançarem nas pautas encampadas pelos três países.
“A confiança no multilateralismo está sob tensão; e, no entanto, nunca houve tanta necessidade de diálogo e cooperação global. É preciso reafirmar que o multilateralismo, quando se reveste de ambição e se orienta à ação, continua sendo o veículo mais efetivo para abordar desafios compartilhados e avançar em áreas de interesse comum”, diz outro trecho.
“Precisamos consolidar os sucessos do multilateralismo, especialmente a Agenda 2030 e o Acordo de Paris. G20, COP30 e FfD4 devem servir como marcos de um compromisso renovado com a inclusão, o desenvolvimento sustentável e a prosperidade compartilhada. Isso exigirá forte vontade política, plena participação de todos os atores relevantes, mentalidade criativa e a habilidade de compreender os condicionantes e as prioridades de todas as economias”, continua.
Financiamento climático
O artigo ainda defende um “financiamento climático justo” para a transição dos países em “direção a um desenvolvimento limpo”.
Os presidentes querem aproveitar a COP30, em Belém, para tratar do tema e estabelecer ações concretas.
“Sob a convenção da mudança do clima, os pilares fundamentais para a COP30 incluirão a submissão, por todas as partes, de novas e ambiciosas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) e o Roteiro Baku-Belém, que estabelece o aumento do financiamento da ação climática aos países em desenvolvimento, de todas as fontes públicas e privadas, para ao menos US$ 1,3 trilhão por ano até 2035”, diz o texto.
“Precisamos aumentar significativamente o financiamento para a adaptação climática, alavancar os investimentos do setor privado e assegurar que os Bancos Multilaterais de Desenvolvimento assumam papel mais relevante no financiamento climático”, destacam os presidentes.
Por fim, os três líderes dizem que há necessidade de “uma resposta global e inclusiva às ameaças globais” em um “mundo cada vez mais fragmentado”.
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