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Depoimentos do “núcleo 1”

Delegado da PF vai ao STF como testemunha e descobre que é investigado

Delegado da PF vai ao STF como testemunha e descobre que é investigado
Delegado Caio Pellim foi indicado como testemunha pela defesa de Anderson Torres na ação sobre o suposto plano de golpe. (Foto: Felipe Sampaio/STF)

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O delegado da Polícia Federal Caio Rodrigo Pellim foi surpreendido nesta terça-feira (27) ao descobrir durante um depoimento no Supremo Tribunal Federal (STF) que é investigado no caso das blitze nas eleições de 2022. Ele foi convocado como testemunha de defesa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres, que é réu por suposta tentativa de golpe de Estado.

Antes do início da oitiva, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, informou que Pellim é alvo do inquérito que apura a suposta interferência da PRF no deslocamento de eleitores no segundo turno. A investigação tramita sob sigilo na Corte e o delegado relatou não saber que era citado no inquérito.

Gonet alertou Pellim que como investigado ele não era obrigado a dizer a verdade durante o interrogatório, pois tem o direito de não se autoincriminar. O PGR apresentou ao ministro Alexandre de Moraes a “contradita”, ou seja, a impugnação de testemunha por ter qualquer tipo de interesse no caso.

A defesa de Torres destacou que o inquérito teria sido encerrado sem o indiciamento do delegado. No entanto, Moraes afirmou que a investigação foi prorrogada a pedido da PGR e relatou que Pellim foi “citado em vários depoimentos de testemunhas e outros investigados na Petição”, informou o jornal O Globo.

“Me causa um pouco de surpresa. Nem sei o conteúdo dessa Pet. No inquérito policial a respeito fui ouvido na Polícia Federal como depoente. Desconheço qualquer investigação contra a minha pessoa”, disse o delegado ao ministro, que também é relator do caso que investiga as blitze.

Moraes reiterou que o depoente tinha direito ao silêncio, a não autoincriminação e poderia se recusar a responder qualquer pergunta. O depoimento foi mantido e Pellim decidiu responder ao interrogatório. O delegado relatou que as operações nas eleições de 2022 foram feitas apenas de forma preventiva para “manter o policiamento ostensivo” no segundo turno.

Em 2020, o delegado assumiu o cargo de superintendente regional da PF no Rio Grande do Norte. No ano seguinte, comandou a Superintencia da PF no Ceará. Em 2022, Pellim foi nomeado chefe da diretoria de Investigação e Combate ao Crime Organizado (Dicor) da PF.

Depoimentos no STF

O Supremo Tribunal Federal começou a ouvir as testemunhas do chamado “núcleo 1” do inquérito do golpe no último dia 19. Desde então, 38 pessoas já prestaram depoimento por videoconferência, e outras duas apresentaram declarações escritas, informou a Corte, em nota divulgada nesta terça-feira (27).

As defesas desistiram de ouvir 10 testemunhas inicialmente listadas para depor. Os depoimentos prosseguem até a próxima segunda-feira (2). O STF deve interrogar mais 32 pessoas indicadas pelas defesas de Torres, do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e dos ex-ministros Paulo Sérgio Nogueira e Walter Braga Netto.

Os depoimentos das testemunhas fazem parte da segunda fase da instrução criminal – momento de produção de provas perante o Judiciário. Após essa etapa, Moraes marcará os interrogatórios dos réus. Em seguida, a acusação e a defesa serão intimadas para, sucessivamente, apresentarem suas alegações finais.

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