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Viagens de Lula

Comitiva de Lula à Ásia em março custou R$ 4,5 milhões e teve mais de 220 integrantes

Lula no Japão
Comitiva de Lula inclui 18 ministros e parlamentares, entre eles novos e ex-presidentes do Congresso. (Foto: Ricardo Stuckert/Secom)

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A viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao Japão e ao Vietnã, realizada no fim de março, mobilizou uma das maiores comitivas de seu terceiro mandato e gerou um gasto mínimo de R$ 4,5 milhões aos cofres públicos. Segundo apuração do Estadão, a delegação contou com pelo menos 220 pessoas, incluindo o presidente, a primeira-dama Rosângela “Janja” da Silva, e representantes de diferentes órgãos do governo e do Congresso.

Mais de um mês após o retorno ao Brasil, o valor total da despesa ainda não foi oficialmente divulgado e os dados completos não constam no Painel de Viagens do Ministério do Planejamento e nem no Portal da Transparência. A Gazeta do Povo pediu explicações à Secretaria de Comunicação Social (Secom) ainda no final de semana e aguarda retorno.

Ao Estadão, a Secom não informou quanto custou a viagem e nem o número total de integrantes. Disse apenas que a lista oficial de autoridades está publicada no Diário Oficial da União (DOU), mas que os nomes das comitivas técnicas e de apoio são “classificados no grau de sigilo reservado”, o que permite manter a informação sob sigilo por até cinco anos.

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Segundo a apuração, a partir de múltiplas fontes como o próprio DOU, o Painel de Viagens e ordens bancárias consultadas através da plataforma Siga Brasil, do Senado Federal, 11 integrantes pertenciam ao Congresso Nacional e 72 de órgãos ligados diretamente à Presidência da República, como o Gabinete Pessoal, o Gabinete de Segurança Institucional (GSI), a Secretaria de Comunicação (Secom) e a Casa Civil.

A Secom informou, ainda, que as despesas de hospedagem de autoridades são cobertas por dotações do Ministério das Relações Exteriores, conforme determina o Decreto nº 940/1993.

“Vale lembrar que conforme determina o Decreto nº 940/93, as despesas de hospedagem das autoridades integrantes das comitivas oficiais do presidente (...) são custeadas pela dotação orçamentária do Itamaraty”, declarou a Secom ao Estadão.

A apuração aponta que, até agora, a viagem de Lula à Ásia em março teve a maior comitiva já identificada em viagens internacionais durante o atual mandato. Em comparação, na Assembleia-Geral da ONU em setembro de 2023, o presidente levou cerca de 100 pessoas a Nova York.

Entre os maiores gastos, a primeira-dama custou R$ 60,2 mil aos cofres públicos em voos de Tóquio a Paris, onde participou de um evento sobre nutrição, e de Paris a Brasília, com conexão em São Paulo.

No retorno ao Brasil, ocupou o assento 1L da classe “Premium Business”, embora não exerça cargo formal no governo. De acordo com as regras vigentes, esse tipo de acomodação só é permitido para ministros e servidores com cargos equivalentes em viagens acima de sete horas.

Na ida, Janja viajou em avião da Força Aérea Brasileira (FAB), acompanhando o Escalão Avançado (Escav), responsável pela preparação logística da visita presidencial. Em entrevista à BBC News Brasil, ela justificou dizendo que não pagou passagem aérea e nem hospedagem.

“Obviamente, eu vim com a equipe precursora, inclusive, para economizar passagem aérea. Vim um pouco antes, fiquei hospedada na residência do embaixador. Nunca houve falta de transparência”, disse.

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Segundo registros do Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi), 112 pessoas compuseram o Escav da missão à Ásia. A maioria era formada por militares, agentes do GSI e integrantes do Itamaraty.

No entanto, o grupo também incluiu pessoas próximas do presidente, como o fotógrafo oficial Ricardo Stuckert, membros do gabinete informal da primeira-dama, e a infectologista Ana Helena Germoglio, que atua no atendimento médico diário de Lula.

Já os gastos com a atual viagem à Rússia e à China, desde a semana passada, ainda não foram divulgados.

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