Ouça este conteúdo
Neste singular dia em que comemoramos a figura das mães, ousamos afirmar que, sobre este assunto, nem mesmo a tal tese do “lugar de fala” pode subsistir: todos nós temos o direito de falar sobre sua importância e de como a maternidade, infelizmente, vem sendo atacada em nossos tempos. Este dom ínsito à natureza feminina possui algo de extraordinário e nos coloca em um plano de igualdade único, afinal, todos nós temos uma mãe e essa íntima relação entre mãe e filho vai além do simples aspecto humano-relacional.
Biologicamente, há vínculos cientificamente comprovados que explicam essa intensa união entre os dois. Os organismos da mãe e de sua prole carregam células de um e de outro no chamado microquimerismo fetal. Células do bebê passam para a circulação materna e vice-versa, fazendo que células com o DNA do filho possam ser detectadas na circulação sanguínea da mãe – comprovadamente – até 27 anos após o parto, persistindo em determinados órgãos maternos como medula óssea, rim, fígado e coração. Aliás, a reparação tecidual de lesões nestes órgãos, curas de cânceres de mama – entre outros tantos benefícios – estão sendo atribuídos a este fenômeno resultante da maternidade.
Seja no ventre ou em seu coração, gestar uma vida é uma capacidade que torna a mulher única e exclusiva, um diferencial extremamente considerável em relação ao homem que, embora também seja partícipe e autor do ato geracional, não obteve o privilégio de ter uma união tão íntima e especial
Além deste fato, a força do vínculo mãe-filho também pode ser explicada a nível intracelular, pois toda energia que é gerada em nossos corpos provém do mesmo DNA mitocondrial de nossas mães. Organelas responsáveis pela produção de energia das células, as mitocôndrias produzem adenosina trifosfato através da respiração aeróbica. Enquanto o espermatozoide contém aproximadamente 50 a 75 pedaços de mitocôndria em sua estrutura central, o óvulo tem por volta de 100 mil e, mesmo assim, aquelas poucas do gameta masculino são desprezadas no momento da fecundação, ou seja, pode-se dizer que nossa energia vital provém exclusivamente de nossas mães, fato que também revela a singularidade da conexão da mãe com seu filho.
Não obstante a evidente perfeição e beleza deste vínculo, ideologias modernas tentam subverter a integridade deste elo mãe-filho, aviltando-o a ponto de qualificá-lo como algo penoso, sofrido e angustiante. Aquilo que é um primor e é essencial ao desenvolvimento sadio das novas gerações, passa a ser enganosamente transmitido com aspectos negativos, desestimulando as mulheres de se tornarem mães.
Essas novas concepções tentam, a todo instante, apagar a beleza e a grandiosidade do que é ser mãe. O incentivo e a banalização do aborto, a valorização excessiva do sucesso profissional em detrimento da família, políticas ostensivas ou subliminares de controle de natalidade ou mesmo o fomento de ideias que que intentam substituir o instinto maternal, tais como a nova “cultura pet”, são alguns desses exemplos que arrancam da mulher o maior presente de sua vida e cujo resultado será um grande e inevitável vazio existencial.
VEJA TAMBÉM:
Hoje, desencoraja-se, até mesmo, a adoção de crianças, que é a expressão mais sublime deste altruísmo de total abnegação e entrega que uma mulher pode realizar. Esse amor que transcende os laços de sangue e gera a vida no coração da mulher também não encontra nenhum estímulo nas políticas públicas de nosso país.
Então, se você tem um filho, significa que já venceu muitas batalhas e, por isso, esta data merece muito ser comemorada. Ser mãe eleva a mulher a um outro patamar de sua natureza, transformando-a por completo. Seja no ventre ou em seu coração, gestar uma vida é uma capacidade que torna a mulher única e exclusiva, um diferencial extremamente considerável em relação ao homem que, embora também seja partícipe e autor do ato geracional, não obteve o privilégio de ter uma união tão íntima e especial como é aquela entre mãe e filho. Feliz dia das mães!
Danilo de Almeida Martins é defensor público federal.
Conteúdo editado por: Jocelaine Santos