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“Uma questão existencial, familiar e triste” – defesa do juiz Edward Albert Lancelot Dodd Canterbury Caterham Wickfield, cujo nome de batismo é José Eduardo Franco dos Reis, explicando a troca de nome. Erro de principiante, se tivesse escolhido “Erika” em vez de “Edward”, ninguém teria nem perguntado nada.
“Sem rede social, os crimes vão acabar… a humanidade nunca conseguiu combinar crimes antes da internet. Os assassinos de César usaram WhatsApp” – Rui Costa Pimenta, presidente do Partido da Causa Operária (PCO), ironizando a regulação das redes. De acordo com Plutarco, a mensagem de Brutus para Adelius Bispus teria sido “Sextou! Bora salvar a democracia? #SemAnistia”
“O Brasil é um celeiro de OVNIs” – Luis Elizondo, ex-diretor do Pentágono. Porém, o OVNI mais misterioso que já pousou por aqui continua sendo aquele Objeto Votador Não-Inspecionável.
“Se Lira quiser me ver calado, vai ter que me matar” – Glauber Braga, deputado federal (PSOL-RJ), em recado ao ex-presidente da Câmara, a quem acusa de perseguição. Dizer isso pro Lira é fácil; quero ver falar assim com a turma do Celso Daniel.
“A democracia exige coragem” – Renan Calheiros, senador (MDB-AL), em post de solidariedade a Glauber Braga. E, muitas vezes, uma boa dose de cara de pau.
“Filhos de um cão, libertem os reféns e acabem com as justificativas [de Israel]” – Mahmoud Abbas, presidente da Autoridade Palestina, criticando o Hamas. Alguém sabe se o Itamaraty já soltou nota de repúdio, condenando Abbas por sionismo e genocídio?
“Moraes machucou o braço de tanto digitar ‘kkkkkk’ em vídeo de Bolsonaro dizendo que vai concorrer em 2026” – suposta piada do portal Sensacionalista. Por recomendação médica, Moraes agora se limita a acessar apenas o site do Sensacionalista, para reduzir o risco de novas risadas.
“Não tenho nada contra quem é conservador, quem é de direita democrática. Eu respeito quem é conservador” – Nasi, vocalista da banda Ira!, depois de chamar conservadores de “fascistas” e ter shows cancelados. Vende-se roqueiro rebelde. Aceita aluguel por temporada.
“Eu não vou corrigir Deus. Eu vou atualizar a Bíblia no sentido de perceber o que ela dizia para aquele mundo, e o que ela diz para o mundo de hoje. É simples assim” – Ed René Kivitz, pastor e professor de teologia. Deus respira aliviado, sabendo que recebeu ao menos uma nota sete do pastor em seu TCC.
“Eles me colocaram entre os dez mil mais inteligentes do planeta” – Marcos do Val, senador (Podemos-ES), sobre suposto ranking da OpenAI, dona do ChatGPT. Só não especificaram de qual planeta.
“Deu ruim? Fica frio! O que fazer se você estiver com drogas e for abordado pela polícia” – cartilha habilitada para concorrer a prêmio do Ministério da Justiça. Mas, se der ruim mesmo, consulte o tutorial da Janja ensinando como se passar por advogado para burlar as regras de visitação na cana.
“Se conseguir, vou ser o rei dos gays”
Eduardo Paes, prefeito do RJ (PSD), sobre trazer show de Beyoncé para a cidade. Ele é o que hoje, apenas o príncipe?
“Não fico mais com homem liso” – Aline Mineiro, ex-panicat, sobre evitar relacionamentos com homens pobres. Bom, dessa eu me livrei. Obrigado, Jogo do Tigrinho.
“Ouvi muitas vozes e pude entender a dimensão da importância dessa personagem para a comunidade trans. Fazer essa história com uma mulher cis foi um equívoco” – Anna Muylaert, diretora do filme “Geni e o Zepelim”, onde uma atriz “cis” faria o papel de personagem “trans”. Começa ouvindo vozes, e termina fazendo um filme desses.
“Prefiro incomodar do que não propor mudanças” – Antonio José de Almeida Meirelles, reitor da Unicamp, defendendo cotas para pessoas que se identificam como “trans”. Incômodo mesmo foi quando a Unicamp deu Marcio Pochmann ao Brasil.
Folha do Amanhã
“PT é um péssimo defensor das estatais” – editorial da Folha de S.Paulo. Não percam os próximos capítulos da série: Suzane Richthofen é uma péssima filha; Elise Matsunaga é uma péssima esposa; e o Maníaco do Parque é um péssimo defensor das mulheres.
“Quais chás as grávidas devem evitar por serem abortivos?” – matéria do portal UOL, listando substâncias que induzem o aborto. Fique ligado: semana que vem o UOL vai ensinar quais materiais você deve evitar comprar para não acabar fazendo uma bomba caseira “sem querer”.
“Débora é Jair de peruca?” – pergunta Celso Rocha de Barros, colunista da Folha de S.Paulo. Ou seria Lula uma Dilma de barba?
“A calvície fica muito bem [no] Moraes. O ‘Cabeça de Ovo’, como é chamado por seus detratores, causa muito mais medo do que se tivesse cachinhos dourados. De [qual] você acha que Bolsonaro terá mais medo, na hora de ser condenado?” – Antônio Prata, outro colunista da Folha de S.Paulo. Alguém precisa dar um toque neles de que fantasias capilares com figuras públicas não são lá um nicho tão popular fora da redação da Folha.
“Mães trans conseguem amamentar com lactação induzida, mas sofrem preconceito até de médicos” – manchete da Folha de S.Paulo, defendendo o uso de secreções induzidas por hormônios na alimentação infantil. E, se o bebê chorar, é discurso de ódio. Passível de amamentação coercitiva.
Meleagris gallopavo
“Esse governo está igual ao Botafogo. O passado é glorioso. No Lula 1 e 2, ele ganhou Libertadores, Brasileirão e Copa do Brasil” – Octávio Guedes, comentarista político. Se o Mensalão foi o Brasileiro e o Petrolão foi a Libertadores, o INSS é a chance do Lula 3 erguer o tão sonhado Mundial de Gangues.
“Corruptos se protegem” – manchete do Trome, periódico peruano, sobre asilo dado por Lula à ex-primeira-dama condenada por corrupção. Claro, foi um trabalho árduo recuperar essa espécie que quase chegou à beira da extinção.
“O recado que Lula quis passar foi: ‘Nadine, você não vai passar aí no Peru o que eu passei aqui no Brasil’. Mas os dois casos são completamente diferentes – e Lula não buscou asilo” – Camila Bomfim, apresentadora da GloboNews. Asilo pra quê? Em que outro país os condenados da Lava Jato levam uma vida mais fácil do que no Brasil?
“Mistério. Este caso da mulher do Peru é tão absurdo que fica a dúvida se é um suicídio político do presidente ou ela é uma mulher bomba” – Eduardo Jorge, ex-deputado federal (PV-SP). Você está falando do asilo da Nadine ou do visto da deputada?
“A primeira-ministra Janja” – Luca Bassani, correspondente da JP News, listando autoridades esperadas para o funeral do Papa Francisco. Finalmente, já era hora dela arranjar um emprego e sair da nossa aba.
“Como será o Brasil quando eu não for mais presidente, se entrar a extrema-direita aqui? Como será o Chile se entrar uma extrema-direita no Chile?” – Lula, em discurso no Chile. Democracia boa mesmo é a da China, que segue blindada contra as ameaças da extrema-direita.
“Há um salto no valor descontado dos aposentados de 2022 para 2023. Dá a sensação de um esquema que foi ganhando escala e apetite” – Flávia Oliveira, comentarista da GloboNews, sobre a corrupção no INSS. Coincidência danada, justo no ano em que a velha turma voltou à cena do crime, como diria o vice-presidente.
“Presidente Lula me presenteou hoje com seu livro autografado. Recebi com muita alegria. Querido amigo Marcola foi o emissário” – Kátia Abreu, senadora (Progressistas-TO). Mas até o Marcola arrumou uma boquinha nesse governo?
Mensagens de Páscoa
“Evitem-se atividades que façam referência direta a elementos próprios da fé cristã, como a crucificação, a ressurreição ou celebrações litúrgicas” – informativo da Secretaria de Educação de Pouso Alegre – MG, sobre os preparativos para a Páscoa. Questionada sobre a quebra de tradição, a Secretaria teria informado que seguia regras ainda mais antigas, editadas por Pôncio Pilatos em pessoa.
“Enquanto olhamos para o futuro com esperança, quero agradecer aos cristãos por suas enormes contribuições para nosso país” – mensagem pascal de Keir Starmer, primeiro-ministro do Reino Unido. Quem disse que os cristãos não são valorizados nos países muçulmanos?
“Judas traiu Jesus ou Jesus traiu Judas?” – Valdinei Ferreira, colunista da Folha de S. Paulo. Na imprensa brasileira, até Judas encontra advogado.
“Neste Domingo de Páscoa, celebramos a ressurreição de Jesus Cristo. Seu renascimento simboliza a continuidade de seus valores eternos” – Geraldo Alckmin. Cheguei a pensar que a Páscoa tinha caído em 1º de Abril, mas a última vez que isso aconteceu foi em 2018, quando Alckmin tinha valores bem diferentes.
“Como que um demônio desse ainda tem 37% de aprovação?” – Gustavo Gayer, deputado federal (PL-GO), discutindo a baixa popularidade de Lula. Dois mil anos atrás, Barrabás chegava a 100% de aprovação; aos poucos as coisas vão melhorando.
“Feliz Sexta-feira Santa. Desejando a todos uma Páscoa recompensadora” – MSI Reproductive Choices, rede britânica de clínicas de aborto. Foi um marqueteiro desses que faltou a Herodes.
Teologia, eu quero uma pra viver
“Um papa sozinho não produz reformas... Mas o Francisco conseguiu algo talvez ainda mais complexo: recolocar a Igreja no jogo global” – Rodrigo Toniol, professor de antropologia da UFRJ. Pois é, antes dele a Igreja Católica era só uma capelinha perdida no meio do nada.
“Não, eu não sou católico” – André Janones, especialista em rachadinha e fake news. Um pequeno alento aos católicos nesse momento difícil.
“Escolha de novo papa terá pressão de fake news e disputa de poder. Conservadores querem restabelecer dogmas e promover uma guinada na liturgia” – Jamil Chade. Agora é orar para que o Espírito Santo faça o fact-checking em tempo real com o Jamil Chade durante o Conclave.
“Vossa excelência é candidato a papa” – Alexandre de Moraes, disse ao colega Flávio Dino. Só se for candidato a papa-tudo.
Notório saber jurídico
“Sempre bom repetir que investigado não escolhe o juiz” – Alexandre de Moraes, sobre recursos pedindo seu impedimento em casos em que ele se coloca como vítima. E juiz também não escolhe investigado.
“A ausência de endereço fixo do extraditando no Brasil, impossibilita a efetivação da prisão domiciliar” – Alexandre de Moraes, revogando sua própria decisão que beneficiou traficante búlgaro. Levou apenas uma semana para ele descobrir que prisão domiciliar sem domicílio é impossível. Espero que não cobre algum penduricalho pelas horas extras que o Tico e o Teco tiveram que trabalhar.
“Um dos atos mais abjetos do Supremo Tribunal Federal nos últimos anos. É também de pouca inteligência” – Matheus Leitão, colunista da Veja, sobre intimação de Bolsonaro em UTI. Parece que o Moraes acredita que a luz refletida em sua careca é sinal de algum brilhantismo.
Democracilovers
“Se você estuda Direito, é democracilover e quer brilhar no plenário do STF esse momento é todo seu!” – perfil do STF no Instagram, anunciando evento para estudantes. Será tipo um baile de debutantes para a nossa Democracinha.
“Alguma coisa está errada no STF. Em todos os lugares do mundo em que houve atuação da Odebrecht com corrupção política todos os envolvidos foram condenados, menos no Brasil” – Merval Pereira, jornalista. Que absurdo! O STF está funcionando exatamente como previsto.
“Ao colocar caso de um blogueiro no mesmo patamar que o de um traficante, Moraes prestou um desserviço à imagem do STF” – editorial do Estadão. A imagem só ficou mais nítida. Foi um desserviço apenas para quem finge não enxergar.
“Não deverão ser realizadas ou divulgadas imagens do julgamento ou de seu deslocamento, mesmo que por terceiros, sob pena de multa e conversão imediata em prisão” – Alexandre de Moraes, em decisão responsabilizando Filipe G. Martins, ex-assessor de Bolsonaro, por atos de terceiros. Perguntado sobre a base jurídica para tal decisão, o magistrado teria informado que se inspirou em um ato do Terceiro (Reich).
“Se o que aconteceu pro Brasil, acontecesse na sua casa. Você pediria anistia?” – Alexandre de Moraes. Não, eu agiria feito um maníaco sedento por vingança, buscando fazer “justiça” com as próprias mãos. É, estou começando a entender seu raciocínio.
“O presidente do Tribunal nunca disse que a corte ‘defeated Bolsonaro’. Foram os eleitores” – nota oficial do Supremo Tribunal Federal, “desmentindo” a revista The Economist, que citou fala de Barroso gravada em vídeo amplamente divulgado. Mostre-me, nos autos, onde ele disse isso. Ou é golpe.
Memória
“Nós derrotamos o bolsonarismo” – Luís Roberto Barroso, durante evento da UNE, em julho de 2023. Falei, mas não fui eu!
Ari Fusevick é brasileiro não-praticante. Escreve sobre filosofia, economia e política, na margem entre o inconcebível e o indesejável. Colabora com a Gazeta do Povo, Newsmax e New York Post. Autor da newsletter "Livre Arbítrio" e do livro "Primavera Brasileira".
