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A Associação dos Empregados da Eletrobras (Aeel) criticou o acordo firmado entre a antiga estatal de energia e o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para ampliar a presença da União no conselho de administração da companhia. A entidade classificou a decisão como uma “traição” e criticou a manutenção da privatização feita durante a gestão de Jair Bolsonaro (PL) e fortemente criticada pelo petista.
O acordo firmado na última sexta (28) aumenta a participação da União no conselho de administração da empresa de um para três assentos, com o aumento do colegiado de nove para dez membros. Também ficou acertada uma vaga no conselho fiscal, apesar de deter 40% das ações.
“Terá sido a 2ª traição nacional em torno da questão da Eletrobras. A 1ª foi a do golpista Bolsonaro, que na campanha afirmou que jamais privatizaria a Eletrobras. A 2ª – caso concretizado esse acordo indigno – terá sido obra do presidente Lula, que prometeu durante a campanha devolver a Eletrobras como patrimônio do povo”, disse a entidade em nota divulgada nesta quarta (5).
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Para a AEEL, se o acordo for homologado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), Lula irá “convalidar esse crime e ainda por cima gerar um prejuízo bilionário para os cofres públicos”.
A entidade ainda criticou a parte do acordo que trata da usina nuclear de Angra 3, em que a Eletrobras não terá mais a obrigação de aportar recursos para a conclusão da obra. A discussão sobre o investimento na planta será conduzida pela Câmara de Mediação e Conciliação da Administração Pública Federal (CCAF), ligada ao Supremo Tribunal Federal (STF).
“O pior é que além de aceitar a capitulação em troca de três cargos de luxo, o governo ainda negocia um presente que nem mesmo Bolsonaro ousou dar aos piratas que tomaram a Eletrobras de assalto. De acordo com as comunicações oficiais da empresa e do governo, estes estão negociando a saída da Eletrobras da Eletronuclear e a desobrigação desta com a manutenção das Usinas de Angra 1 e 2 e da conclusão de Angra 3”, disparou a associação.
A AEEL afirma que o resultado desse acordo é que o governo e a população terão de “arcar sozinhos com os mais de R$ 30 bilhões” necessários para a atualização de Angra 1 e 2 e a conclusão de Angra 3.
“A Eletrobras, que deveria aportar quase metade desse valor, se verá desobrigada”, completou.
A privatização da Eletrobras era constantemente atacada por Lula desde a campanha eleitoral de 2022, em que ele prometia recorrer a todos os meios possíveis para revertê-la. Isso porque o governo detém quase metade das ações, mas apenas 10% do poder de voto.
Nos primeiros meses de 2023, o Ministério de Minas e Energia entrou com uma ação no STF para tentar reverter a venda ou chegar a um acordo agora concretizado, mas ainda dependente de homologação.