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Em cartaz em diversas salas espalhadas pelo Brasil a partir desta quinta (17), O Rei dos Reis tem tudo para fazer bonito por aqui e repetir o feito dos Estados Unidos. Por lá, a animação que conta a história de Jesus Cristo chegou perto de bater 20 milhões de dólares de bilheteria no primeiro fim de semana de exibição. Isso fez com que o filme virasse a animação com tema religioso de melhor estreia na história do cinema, superando O Príncipe do Egito, que debutou fazendo pouco mais de 14 milhões em 1998.
O sucesso de O Rei dos Reis é resultado de vários fatores. O primeiro é que a produção vem chancelada pelo Angel Studios, companhia de mídia por trás do lançamento da série The Chosen: Os Escolhidos (que agora caminha com suas próprias pernas) e filmes como Som da Liberdade. Em 2024, a firma anunciou que tinha comprado e iria distribuir a animação dirigida e escrita pelo sul-coreano Seong-ho Jang. E, como o Angel Studios é bom de campanha e de venda antecipada de ingressos, seu novo projeto já nasceu triunfante.
O segundo fator crucial para levar as pessoas aos cinemas é a história em si. O Rei dos Reis é livremente inspirado no livro de Charles Dickens A Vida do Nosso Senhor. O próprio escritor inglês conduz a animação. Ele surge no palco de um teatro fazendo a leitura de seu clássico Um Conto de Natal e tem a performance prejudicada pelo seu filho bagunceiro Walter, que brincava de Rei Arthur na coxia. Ao voltar para casa, o autor aproveita o interesse do garoto por Arthur para lhe apresentar a saga de outro rei, “o rei dos reis”, Jesus Cristo.
Vozes divinas
Com seu talento para contar histórias, Dickens envolve o menino (e seu gatinho Willa), na jornada de Jesus, desde o nascimento até a ressureição. Walter vai absorvendo cada detalhe sobre o filho de Deus e aprende rapidamente a amá-lo. Pela forma como O Rei dos Reis foi concebido, o filme tem atraído especialmente pais com filhos pequenos aos cinemas. Trata-se de uma maneira divertida de aproximar as crianças da religião e de um exemplo a ser seguido.
Outro atrativo da animação sul-coreana é que ela reuniu um timaço de atores de primeiro escalão para fazer as vozes dos personagens principais. Charles Dickens foi dublado por Sir Kenneth Branagh, ator e diretor inglês que possui uma estante empenada de tantos prêmios. Catherine, a esposa do autor, ganhou a voz de Uma Thurman, trinta anos após seu icônico papel em Pulp Fiction – Tempo de Violência. Outros atores que merecem ser citados são o 007 Pierce Brosnan (Pôncio Pilatos), Mark Hamill (Rei Herodes), Forest Whitaker (Pedro) e Ben Kingsley (Caifás). Na versão brasileira, as vozes ficaram a cargo de profissionais da dublagem.

Com todos esses chamarizes, é quase certo que o filme também fará um grande estardalhaço no circuito nacional. O fato de a estreia se dar em plena Semana Santa deve contribuir para o êxito. O que pode atrapalhar, ironicamente, é que O Rei dos Reis concorre com os dois primeiros episódios da quinta temporada da série The Chosen. Empacotados como The Chosen: Última Ceia, os capítulos estão em cartaz desde a semana passada, levando milhares de entusiastas (alguns vestidos como apóstolos) para as salas de exibição. Mas quem gosta de ver histórias bíblicas no cinema não pode reclamar: melhor ter duas boas produções disputando público do que nenhuma.
- O Rei dos Reis
- 2025
- 105 minutos
- Indicado para maiores de 10 anos
- Em cartaz nos cinemas