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Os dados mais recentes do Observatório do Comércio Eletrônico Nacional do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) mostram que o comércio eletrônico no Brasil segue em trajetória de crescimento. A ferramenta do observatório mostra que em 2023 o setor movimentou R$ 196,1 bilhões, um valor quase 5% maior do que o registrado no ano anterior.
Os celulares continuam como os produtos mais comercializados de forma eletrônica no país, respondendo por R$ 10,3 bilhões em vendas. Na sequência, o observatório mostra os livros e impressos (R$ 6,4 bilhões); aparelhos de TV (R$ 5,3 bilhões); geladeiras e congeladores (R$ 5 bilhões); tablets (R$ 4,4 bilhões); e complementos alimentares (R$ 3,7 bilhões).
A lista de produtos mais vendidos varia conforme o estado. Entre os exemplos estão o segmento de calçados em Minas Gerais; os aparelhos de ar-condicionado no Espírito Santo; e refrigeradores e congeladores em Santa Catarina e Paraíba. Já os automóveis foram o principal produto de Goiás; e livro foi o produto mais comprado no Distrito Federal.
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Procura por galpões logísticos aumentou 30% em dois anos
Ainda que cada linha de produtos conte com características próprias, há, em comum, no comércio eletrônico, a busca de vendedores e clientes pelo menor prazo possível de entrega. Este é um objetivo que, para ser alcançado, depende de infraestrutura logística de armazenamento e distribuição.
Uma parte importante neste processo são os chamados galpões logísticos, imóveis utilizados por empresas de comércio eletrônico para armazenar e despachar os produtos na etapa final de entrega aos consumidores. Dados da Associação Brasileira de Logística mostram que a procura por espaços para armazenamento subiu 30% em dois anos, impulsionada principalmente pelo aumento das vendas online.
“As grandes empresas de comércio eletrônico não disputam mais a qualidade do produto em si, até porque todas elas vendem a mesma televisão, o mesmo celular. O que eles disputam, na verdade, é o tempo de entrega para esse consumidor que faz a compra online e quer que a mercadoria chegue em sua mão no menor tempo possível”, comentou Douglas Curi, sócio da Sort Investimentos, em entrevista à Gazeta do Povo.
Região de Araquari registrou aumento na procura por galpões logísticos
Segundo Curi, este é um setor que tem registrado alta procura, principalmente na região costeira de Santa Catarina. A busca, explicou o empresário, é por imóveis em áreas próximas a portos e grandes complexos rodoviários que facilitam a distribuição final dos produtos aos consumidores, conhecida no setor como “last mile”.
Um dos locais que têm registrado aumento de procura é a cidade de Araquari, vizinha a Joinville e com acesso facilitado aos portos de Itapoá e Navegantes. Uma comitiva de empresários chineses esteve na região no fim de 2024, disse Curi, para fazer uma sondagem e identificar potenciais áreas de interesse para a construção de complexos logísticos e de hotelaria.
“Essa é uma região que tem uma demanda reprimida por esse tipo de infraestrutura. Em Itajaí, perto do porto, há terrenos para galpões logísticos sendo vendidos com valores de R$ 500 o metro quadrado. Em Araquari, em compensação, ainda temos opções bem mais baratas, na faixa de R$ 120 a R$ 150 o metro quadrado. E o projeto dos chineses é grande, um complexo multimodal com aeroporto privado, hotéis e um grande centro logístico, avaliado em US$ 13 bilhões”, apontou.
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Imóvel destinado à logística valoriza mais do que o residencial
De acordo com Curi, este investimento deve alavancar o setor de galpões logísticos na região de Araquari, que conta com uma fábrica da BMW e outras empresas de grande porte. Com os valores de terrenos ainda em patamares mais baixos do que em outras cidades, o potencial de ganhos dos investidores é considerado alto pelo empresário.
“Um imóvel residencial pode se valorizar na faixa de 0,3% ao mês, em uma relação ao valor investido e o que se recebe em um aluguel. Um imóvel logístico rende mais que o dobro. Sendo bastante conservador, podemos falar em 0,7% ao mês, mas existem imóveis que rendem 1% ao mês. Isso quer dizer que, em 10 anos, esse imóvel se pagou só com a rentabilidade do aluguel, fora a valorização natural”, ponderou.
Citando dados da própria Sorti Investimentos, empresa especializada na gestão de imóveis logísticos, Curi aponta que na região de Araquari há cerca de 700 mil metros quadrados de área em galpões logísticos disponíveis para venda e locação. O interesse de investidores estrangeiros, avaliou, pode fazer com que a vacância dessas estruturas, hoje em queda, diminua mais ainda.
“Este é o maior medo do investidor, de que o galpão fique vazio, sem ninguém para ocupar. Mas quando nós olhamos os dados do comércio eletrônico e essa tendência que há de seguir em alta, com cada vez mais pessoas comprando online, a demanda por esses centros de distribuição vai seguir crescendo. E se houver alguma vacância, certamente será em imóveis de padrão inferior ao que os grandes players exigem”, comentou.